quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cigarros e Vinho Tinto.


Ali estava ela, debaixo da chuva fria,

Olhando pra mim,

Vestida com meu casaco ‘jeans’ surrado,

O cabelo loiro, o vestido preto,

O sorriso de criança mordendo o copo.

Era como se nada houvesse mudado,

Nada nunca mudará, será sempre o que foi,

Imutável, estático no tempo, porque não há outra forma de ser.

O cheiro de ‘blush’ no ar se mistura com o vinho barato.

O cigarro molhado da chuva incinera o pulmão enfermo.

Aquelas noites ficaram para trás ...

Nenhum adeus é necessário,

Nenhum livro será escrito,

Nenhum herói revelado, nem vilão amaldiçoado.

É apenas a vida, seguindo irrefreável o seu curso.

Nada irá apagar, nada irá lembrar.

Melhor dizer e acreditar que foi engano do acaso.

Pra você eu sou apenas humano,

Frágil e covarde;

E apesar disso, eu lutaria até o fim pra que aquelas noites não tenham sido em vão.

Deixe comigo suas memórias, você não precisa mais delas,

Eu as levarei comigo, para longe de você.

Agora posso ir em paz,

Agora que sei que tudo deu certo, que todas as lágrimas,

Todos os sorrisos, gritos, sussurros, beijos, abraços, olhares,

Foram recompensados.

Não pense que é um adeus, é só mais um ‘até logo’.

Apenas troquei de papéis, de protagonista à coadjuvante ...

Mas quem liga? O espetáculo continua ...

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